pessoas detestáveis
As que se plantam diante de nós enquanto estamos lendo alguma coisa, bloqueando a visão. As que, pra furar uma fila, fingem não ter entendido que o fim não é aqui, mas bem mais lá pra trás. As que, atrás de nós numa escada ou calçada estreita e muito movimentada, não respeitam que a gente tenha parado para ceder lugar a alguém no contrafluxo e avançam, nos ultrapassando e mantendo a passagem bloqueada pra quem vinha. As que, esperando atendimento num lugar que demanda a retirada de uma senha, ignoram o protocolo e se impõem sobre o balcão, sendo atendidas antes de nós. Todas as que não se sujeitam a respeitar leis, normas e procedimentos, pois muito especiais para se submeterem a qualquer grau de civilidade – excetuadas aqui as subversões cometidas no contexto certo (não direi quais).
As empata-calçada que, saindo de alguma portaria, se colocam à nossa frente mesmo tendo percebido que estamos andando a passos rápidos. As que, apesar de incomodadas com a demora na fila do raio-x, esperam chegar a sua vez pra guardar o celular e todos os apetrechos metálicos que carregam no corpo – ainda assim, algo terá ficado esquecido no bolso traseiro da calça, obrigando-as a repetir a jornada. As que, com a boa intenção de alimentar uma fofoca qualquer ou compartilhar coisas que consideram úteis, lotam o WhatsApp de conteúdo que não é nem útil, nem bem-vindo – o clipping da agonia. As que publicamente posam de simpáticas e acessíveis, mas no corre dos bastidores têm a receptividade de um bloco de cimento. As que são incapazes de responder ao “bom dia” ou ao “obrigado” que ofertamos com educação.